Um grupo de moradores da Rua Itacuruçá, na Tijuca, estão incomodados com a poda indiscriminada de árvores no local. Segundo uma moradora, uma amendoeira que fica em frente ao número 120, área que se encontra em obras, foi cortada irregularmente, nesta segunda (08).
"Vivemos um momento em que somos avisados de todas as formas para cuidarmos da natureza, chega de destruição. Para uma pessoa cortar uma árvore, era preciso muitas conversas e justificativas reais para fazê-lo. Tenho observado, assim como várias pessoas, cortes de árvores até a raiz de muitas árvores saudáveis. Um dia vi a Comlurb destruindo uma árvore saudável, mas antiga, e a justificativa é que esta árvore era exótica. Simples assim. Eu e outras pessoas ligamos para 1746, e a resposta da Comlurb é que tem um Engenheiro responsável por determinar corte das árvores. Pois bem, hoje vi outro absurdo. Corte de uma árvore saudável e frondosa por um pedreiro que está fazendo obras em uma casa de 2 andares, porque o proprietário não quer esta árvore na frente da casa. Ela já existe há anos ali. Com certeza, fizeram este absurdo e acham que vai ficar por isso mesmo. Várias pessoas avam e comentavam se lamentando da perda. Alguém tem que tomar providência", lamentou a moradora.
Além dessa amendoeira, na manhã dessa terça-feira (09), outra árvore foi derrubada e, desta vez, foi na Rua Visconde de Cabo Frio, em frente ao Colégio Batista. Os moradores argumentam que tem havido muitas podas indevidas de árvores em bom estado no bairro com a permissão da Comlurb.
A Prefeitura do Rio transferiu, na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes, a responsabilidade pela poda e remoção de árvores para a Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (COMLURB). O prefeito Marcelo Crivella, quando assumiu em 2017 o governo municipal, extinguiu a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e tornou uma subsecretaria da Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente. No ano de 2019, ele recriou a secretaria e nomeou Marcelo Queiroz para pasta. Além disso, em 2017, o prefeito mudou a estrutura organizacional da Fundação Parques e Jardins (FPJ), deixando somente a parte de planejamento, projetos e adoção de áreas públicas que hoje está sob a responsabilidade da Secretaria de Envelhecimento Saudável, Qualidade de Vida e Eventos (SESQV).
De acordo com a FPJ, estima-se que existam, na cidade, cerca de 800.000 árvores nas áreas públicas (calçadas e praças), porém, para o monitoramento exato deste número, há necessidade de um inventário de todas essas espécies, com informações detalhadas suficientes para intervir, de forma mais efetiva, na prevenção de acidentes e acompanhamento da saúde destas árvores. O inventário faz parte do Plano Diretor de Arborização Pública que, até o momento, não foi implementado pela prefeitura.
O conflito entre a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e a Comlurb sobre a quem compete a fiscalização, preservação e remoção é outro grande problema no município do Rio.
O Portal Grande Tijuca entrou em contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e a Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro para saber sobre a denúncia de corte irregular da árvore na Rua Itacuruçá, em frente ao número 120.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, através da Subsecretaria de Comunicação, informou por e-mail que "não há pedido de autorização para realizar serviço no endereço".
Já a Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (COMLURB) informou em nota "que não houve corte irregular na rua Itacuruçá n°120, Tijuca. No último domingo, dia 7, foi efetuada pela Companhia a remoção de uma árvore que estava em risco, inclusive com laudo com a indicação de remoção emitido pela Defesa Civil.
Foram feitas outras remoções na Tijuca, mas todas embasadas em protocolo de risco, laudo de engenheiro florestal ou agrônomo ou da Defesa Civil. A Comlurb atua sob a supervisão dos engenheiros florestais e agrônomos que emitem laudos quanto há a necessidade de remoção de árvores, inclusive para prevenir acidentes".
O ambientalista, Sérgio Ricardo, fundador do Movimento Baia Viva, vem acompanhando, nos últimos anos, os casos de podas de árvores saudáveis no município do Rio. Segundo Sérgio, após a denúncia de ambientalistas e moradores da Ilha do Governador sobre podas irregulares naquela região, várias outras denúncias apareceram em Santa Teresa, Grajaú e na Tijuca. Os cortes dessas árvores, que, supostamente, não se encontrariam em bom estado de conservação, estariam sendo realizados por empresas terceirizadas que, por sua vez, estariam recebendo pela Comlurb pela quantidade de árvores cortadas.
"Nós temos um abaixo-assinado contra o que chamamos de "podas assassinas" no Rio de Janeiro, que tem, aproximadamente, 8 mil s. O Movimento Baia Viva ou a fazer o abaixo-assinado online, após muitas denúncias feitas por pessoas de vários bairros, como Santa Teresa, Paquetá, Santa Cruz, Grajaú e Tijuca, que se sensibilizaram com o que aconteceu na Ilha do Governador. Nós fizemos um protocolo construído com a sugestão dos moradores para a Prefeitura do Rio. Infelizmente, existem muitas empresas terceirizadas que trabalham para a Comlurb e que ganham pela quantidade de árvores cortadas. A mão de obra e equipamentos são alugados", revela o ambientalista.