Nos últimos meses, têm se multiplicado os relatos de aposentados e pensionistas que, ao consultar o extrato de pagamento do INSS, se deparam com uma desagradável surpresa: descontos indevidos, referentes a empréstimos consignados nunca contratados, que jamais autorizaram.
Em muitos casos, o idoso sequer tem conhecimento da operação até perceber a diminuição do valor depositado em sua conta. Em alguns casos, os valores são singelos, o que faz com que se torne quase que imperceptÃvel.
Vários indÃcios apontam que informações sigilosas, como nome completo, número do benefÃcio, F, valor do benefÃcio, margem consignável e até dados bancários têm sido adas e readas a terceiros sem o consentimento do titular. Isso permite que empresas oportunistas, financeiras e golpistas entrem em contato direto com o aposentado, já oferecendo empréstimos "aprovados" ou com conhecimento detalhado sobre seu histórico previdenciário.
Essa intimidade com os dados leva muitos idosos a acreditar, erroneamente, que se trata de uma ligação oficial do INSS ou de um banco parceiro.
VAMOS AS PRINCIPAIS DICAS!
Nunca e links suspeitos, jamais compartilhe dados pessoais por telefone ou redes sociais, se precisar consultar alguma informação, utilize apenas o aplicativo "Meu INSS" ou o site https://www.gov.br/inss/pt-br, sempre que puder consulte seus dados pessoais no aplicativo, use senhas fortes e jamais datas comemorativas.
Além disso, o extrato de pagamento deve ser consultado com frequência por meio do aplicativo ou site "Meu INSS", e qualquer desconto não reconhecido deve ser imediatamente questionado por meio do telefone 135 ou com ajuda de um profissional de confiança. Sempre guarde todos os protocolos de todas as reclamações feitas.
A orientação jurÃdica é essencial para buscar não só o cancelamento dos descontos, mas também a devolução de valor e indenização por danos morais.
Muitos aposentados sofrem com a falta de informação, não conhecem seus direitos e, por vergonha ou constrangimento, acabam nem denunciando o problema, o que perpetua o ciclo de abusos.
Os efeitos desses golpes são devastadores. Em muitos casos, os descontos indevidos reduzem a renda a patamares insustentáveis. Já atendi idosos que, após o desconto de um consignado fraudulento, receberam menos de um salário-mÃnimo, ficando sem condições de comprar remédios, alimentos e de pagar o aluguel.
Não é exagero dizer que esses golpes, além de financeiros, causam danos emocionais profundos. Muitos idosos se sentem humilhados, envergonhados e impotentes. Desenvolvem ansiedade, insônia e até sintomas depressivos diante da injustiça e da falta de resposta das instituições que deveriam protegê-los. Em diversos casos, o golpe se transforma em um trauma psicológico e social.
Os idosos merecem respeito, não exploração. E isso começa com a garantia de que seus dados, sua renda e sua tranquilidade estejam protegidas por quem deveria zelar por eles.
Autor do texto: Carlos Guedes
WhatsApp: (21) 99993-5252
Instagram: @cguedesrjadv
E-mail: [email protected]
Advogado, especializado em Direito Civil e Direito do Consumidor, Presidente da Comissão dos Juizados Especiais Estaduais da OABRJ, 2º Vice-presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OABRJ, Vice-presidente da Comissão de Assuntos Legislativos Estaduais e Municipais da OABRJ, Consultor da Comissão de Juizados Especiais do Conselho Federal da OAB, integrante da 3ª Turma Julgadora do Tribunal de Ãtica e Disciplina da OABRJ, colunista da coluna "Falando direto sobre Direito" do Portal Grande Tijuca e do Instituto de Aperfeiçoamento e Prática JurÃdica - IAPJ, ex-Assessor-JurÃdico da Presidência da RIOTUR de 2017 a 2019.
